O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que a ação na Síria não será como as incursões americanas no Iraque e no Afeganistão.
"A Síria não é o Iraque e não é o Afeganistão. Nossa ideia é mandar uma mensagem não só ao regime Assad, mas para outros países interessados em violar normas internacionais (de uso de armas químicas)", afirmou Obama nesta segunda-feira (3) a jornalistas na Casa Branca.
Segundo Obama, a intervenção militar na Síria será limitada. Não envolverá o envio de tropas ao território sírio, como foi no Afeganistão e Iraque, nem o objetivo é tirar do poder o presidente sírio, Bashar Assad, como aconteceu no Iraque.
O plano do presidente americano envolve ataques pelo mar e o provável uso de drones (aviões não tripulados) para ataques em áreas controladas pelo regime Assad. Obama descartou um envovlimento maior no conflito que já dura mais de dois anos no país árabe e produziu milhares de mortos e milhões de refugiados.
"Queremos assegurar o fortalecimento político da oposição ao regime para, mais adiante, garantir uma transição à democracia não só na Síria, mas na região", afirmou. Sem entrar em maiores detalhes, Obama disse que os EUA tem "uma estratégia que permitirá à oposição síria se livrar da guerra civil que vive hoje".
No aguardo do Congresso
No sábado (31), Obama disse que queria o aval do Congresso americano antes de intervir na Síria. Nesta segunda-feira (3), se disse confiante sobre os rumos da discussão no Legislativo do país.
"Eu não iria ao Congresso se não falasse sério sobre a consulta. Desde que consigamos o que é necessário - enviar uma mensagem a Assad e limitar seu uso de armas químicas -, estou confiante." No domingo (1), o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, sinalizou que o país pode atacar mesmo que o Legislativo se posicione contra.
Obama deu as declarações desta segunda-feira (3) antes de um encontro com lideranças políticas do Congresso americano.
Dois anos e 100 mil mortos
A guerra na Síria já dura mais de dois anos e deixou milhares de mortos --mais de 100 mil, segundo a ONU. Começou na esteira da Primavera Árabe, onda de levantes populares que pediu mudanças no governo em países como Tunísia, Líbia e Egito.
Como em outros países, a reação do governo sírio foi reprimir com violência os protestos por democracia. Desde o início, a postura do regime do presidente vitalício Bashar Assad foi desqualificar os opositores como meros terroristas e culpá-los pelas mortes ocorridas nos confrontos.
No dia 21 de agosto, a guerra síria ganhou outra dimensão quando gás tóxico foi usado para bombardear uma área de Damasco, causando a morte de pelo menos 355 pessoas, segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras. A ONG estima ter realizado mais de 3.600 atendimentos de pessoas que inalaram gás. A oposição fala em mais de mil mortos no ataque e acusa o regime Assad pela matança; ogoverno sírio culpa os rebeldes pelo massacre e afirma que achou um depósito com produtos químicos usado pela oposição.
Há tempos, a comunidade internacional condena o confronto na Síria e pede seu fim. Só após o ataque com gás, o Ocidente decidiu intervir independentemente da ONU. Devido à pressão internacional, um time de inspetores da ONU foi enviado ao país para investigar o local do suposto ataque. A equipe, porém, não conseguiu chegar à região: um comboio da organização teve de recuar porque foi recebido a tiros quando se aproximava da área.
Fim da linha
Há um ano, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que o uso de armas químicas na guerra da Síria seria cruzar uma "linha vermelha". Já houve relatos de uso de armas químicas no conflito antes - em maio deste ano, o jornal francês "Le Monde" relatou o uso de armas químicas no país.
Foi só após o ataque de Damasco, porém, que os EUA passaram a afirmar que a Síria passou do limite. O secretário de Estado americano, John Kerry, diz que os EUA não têm dúvidas de que o governo sírio atacou com gás seus cidadãos e destruiu as evidências. O presidente Barack Obama pediu o aval do Congresso para uma intervenção na Síria - que não envolverá o envio de tropas dos EUA, afirma o governo.
França e Reino Unido também condenaram o ataque e prometeram apoio - militar, no caso francês - aos rebeldes que lutam contra Assad. Porém, o Parlamento britânico rejeitou o plano de atacar a Síria, e o o premiê, David Cameron, recuou da intervenção.
O país mais frontalmente contrário à intervenção é a Rússia, que acusa o Ocidente de não ter provas do envolvimento do governo sírio no ataque de Damasco. Desde antes, porém, Moscou, que interga o Conselho de Segurança da ONU, votou contra intervir na guerra síria. A Rússia sempre defendeu uma solução diplomática para o conflito. China e Irã, em menor escala, também são contra.
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